Os Nus e os Mortos de Norman Mailer
Li ''Os Nus e os Mortos'' em 2008 e esse livro marcou demais minha experiência literária, aliás em 2008 li exatos 24 livros entre eles o clássico de Norman Mailer
"... estamos perante um fresco de violência, é certo, um fresco de carne violentada, mas onde domina sobretudo o tormento da alma, a razão de consciência."Com esta frase, José Cardoso Pires no prefácio que fez para a primeira edição desta obra em Portugal (Ulisseia 1958), resume de uma forma excelente o cerne e o conteúdo deste livro memorável .
Os Nus e os Mortos, o primeiro romance do famoso escritor Norte-Americano Norman Mailer, descreve (baseado nas suas próprias experiências de guerra) as aventuras e desventuras, os conflitos, as amizades, inamizades, as suas lutas interiores, os seus carácteres, fraquezas e coragens de um grupo de soldados Norte-Americanos, pertencentes ao mesmo pelotão. A história começa com a invasão de uma ilha do Pacífico Sul ocupada pelos Japoneses pelo exército americano e a partir daí é uma profusão e um crescendo de acontecimentos e emoções até ao clímax da acção.
O pelotão de reconhecimento onde pertencem estes soldados, está fragmentado e incompleto devido à campanha anterior onde morreram uma série de soldados pertencentes ao mesmo, sendo reforçado com alguns soldados novos, logo aí inicia-se o primeiro ponto de discórdia e conflito, entre os novos elementos e os veteranos. Após a invasão da ilha o pelotão é colocado na retaguarda, fazendo trabalhos "menores", como a construção de uma estrada ou a descarga de materiais diversos, o que provoca um mau estar e um estado de ansiedade. Paralelamente a isto, existe também a visão dos oficiais, onde temos o general, comandante geral da invasão, soldado de carreira, muito inteligente e marcial, com uma visão do mundo e da guerra muito rígida e recta, mas depois em oposição temos o seu ajudante, um jovem tenente, idealista, liberal e com ideias de esquerda, oriundo de uma grande família industrial.
Este choque de ideias e pensamentos, vai provocar uma guerra surda entre o general e o tenente, deixando aflorar ódios e cinismos na relação entre cada um deles. Com o andamento da invasão, e após um grave desentendimento entre eles, onde a disciplina e a conduta do tenente é posta à prova, é entregue o comando do pelotão ao tenente e são enviados numa missão atrás das linhas japonesas.
A partir daqui, todo o pelotão é posto à prova, toda a sua força, coragem, emoções e resistência são testados, os ódios antigos entre cada soldado vêm ao de cima, a carga emocional vai crescendo à medida que se vão infiltrando no interior da ilha e os acontecimentos vão se sucedendo numa escalada imensa, até se chegar ao ponto de ruptura emocional e físico de um ser humano. Para além de toda a ação passada na guerra, os combates contra os japoneses, o combate contra a própria ilha, contra o clima, contra a exaustão, Norman Mailer utiliza intervalado na ação decorrente flashbacks do passado das várias personagens e assim de certa forma conta a História dos Estados Unidos da América durante as décadas de 20; 30 e 40 do séc. XX, fazendo igualmente uma crítica social às diversas classes sociais, desde os mais pobres aos mais ricos.
Aborda também na relação entre os soldados, o anti-semitismo que existia igualmente no exército e no pensamento americano. Este livro é muito intenso, pesado, e por vezes cruel, descreve as relações humanas levadas ao seu máximo, a resistência física e moral de cada pessoa, as suas virtudes e os seus podres, mas faz-nos pensar também naquilo que realmente somos, na hipocrisia que está dentro de nós sem sabermos e no que nos poderemos tornar em situações de extremos como são as que acontecem no livro, será que somos Homens ou Monstros?
Magno Moreira 2019
"... estamos perante um fresco de violência, é certo, um fresco de carne violentada, mas onde domina sobretudo o tormento da alma, a razão de consciência."Com esta frase, José Cardoso Pires no prefácio que fez para a primeira edição desta obra em Portugal (Ulisseia 1958), resume de uma forma excelente o cerne e o conteúdo deste livro memorável .
Os Nus e os Mortos, o primeiro romance do famoso escritor Norte-Americano Norman Mailer, descreve (baseado nas suas próprias experiências de guerra) as aventuras e desventuras, os conflitos, as amizades, inamizades, as suas lutas interiores, os seus carácteres, fraquezas e coragens de um grupo de soldados Norte-Americanos, pertencentes ao mesmo pelotão. A história começa com a invasão de uma ilha do Pacífico Sul ocupada pelos Japoneses pelo exército americano e a partir daí é uma profusão e um crescendo de acontecimentos e emoções até ao clímax da acção.
O pelotão de reconhecimento onde pertencem estes soldados, está fragmentado e incompleto devido à campanha anterior onde morreram uma série de soldados pertencentes ao mesmo, sendo reforçado com alguns soldados novos, logo aí inicia-se o primeiro ponto de discórdia e conflito, entre os novos elementos e os veteranos. Após a invasão da ilha o pelotão é colocado na retaguarda, fazendo trabalhos "menores", como a construção de uma estrada ou a descarga de materiais diversos, o que provoca um mau estar e um estado de ansiedade. Paralelamente a isto, existe também a visão dos oficiais, onde temos o general, comandante geral da invasão, soldado de carreira, muito inteligente e marcial, com uma visão do mundo e da guerra muito rígida e recta, mas depois em oposição temos o seu ajudante, um jovem tenente, idealista, liberal e com ideias de esquerda, oriundo de uma grande família industrial.
Este choque de ideias e pensamentos, vai provocar uma guerra surda entre o general e o tenente, deixando aflorar ódios e cinismos na relação entre cada um deles. Com o andamento da invasão, e após um grave desentendimento entre eles, onde a disciplina e a conduta do tenente é posta à prova, é entregue o comando do pelotão ao tenente e são enviados numa missão atrás das linhas japonesas.
A partir daqui, todo o pelotão é posto à prova, toda a sua força, coragem, emoções e resistência são testados, os ódios antigos entre cada soldado vêm ao de cima, a carga emocional vai crescendo à medida que se vão infiltrando no interior da ilha e os acontecimentos vão se sucedendo numa escalada imensa, até se chegar ao ponto de ruptura emocional e físico de um ser humano. Para além de toda a ação passada na guerra, os combates contra os japoneses, o combate contra a própria ilha, contra o clima, contra a exaustão, Norman Mailer utiliza intervalado na ação decorrente flashbacks do passado das várias personagens e assim de certa forma conta a História dos Estados Unidos da América durante as décadas de 20; 30 e 40 do séc. XX, fazendo igualmente uma crítica social às diversas classes sociais, desde os mais pobres aos mais ricos.
Aborda também na relação entre os soldados, o anti-semitismo que existia igualmente no exército e no pensamento americano. Este livro é muito intenso, pesado, e por vezes cruel, descreve as relações humanas levadas ao seu máximo, a resistência física e moral de cada pessoa, as suas virtudes e os seus podres, mas faz-nos pensar também naquilo que realmente somos, na hipocrisia que está dentro de nós sem sabermos e no que nos poderemos tornar em situações de extremos como são as que acontecem no livro, será que somos Homens ou Monstros?
Magno Moreira 2019
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