Luis Buñuel

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Trago nesse blog a biografia de um gênio das artes, Luis Buñuel Portolés (Calanda, 22 de Fevereiro de 1900 — Cidade do México, 29 de Julho de 1983) foi um realizador de cinema espanhol, naturalizado mexicano. Trabalhou com Salvador Dalí, de quem sofreu fortes influências na sua obra surrealista. A obra cinematográfica de Buñuel, aclamada pela crítica mas sempre cercada por uma aura de escândalo, tornou-o um dos mais controversos cineastas do mundo, sempre fiel a si mesmo. Buñuel também influenciou fortemente a carreira do realizador conterrâneo Pedro Almodóvar. Luis Buñuel Portolés nasceu ao meio-dia de 22 de Fevereiro de 1900, na aldeia de Calanda, província de Teruel, Aragão, Espanha. Era filho de Leonardo Buñuel González, um señorito  e proprietário abastado que fizera fortuna em Cuba com um negócio de ferragens, e de María Portolés Cerezuela, "a rapariga mais bonita e saudável da aldeia". Pouco depois, a família estabeleceu a sua residência em Saragoça, e só ia a Calanda durante a Semana Santa e nas férias de Verão. 

Luis era o mais velho de sete irmãos e irmãs, com quem teve uma infância feliz, saudável e despreocupada, em contacto com a rica natureza campestre da sua terra. Teve, desde cedo, uma grande sensibilidade em relação ao inusual e ao extraordinário, e facilmente se encantava com animais, plantas e fenómenos naturais, que observava atentamente, imbuído de uma religiosidade pagã. Foi também na infância que adquiriu um enorme fascínio pela morte, quando inadvertidamente, deparou com um burro putrefacto numa valeta. Em 1908 viu o seu primeiro filme num cinema de Saragoza. 

Estudou num colégio de Jesuítas, cuja influência se faria sentir para o resto da sua vida. Com a adolescência, perdeu a fé, tornando-se anticlerical e ateu, e, em 1915, foi expulso do colégio, tendo terminado os seus estudos secundários no Instituto de Saragoça.Em 1917, Buñuel foi estudar em Madrid, instalando-se na prestigiada e elitista Residência de Estudantes, onde permaneceria até Janeiro de 1925. Aí conheceu várias luminárias das letras, artes e ciências espanholas e internacionais e conviveu com muitos daqueles que fizeram parte da famosa Geração de 27, tomando conhecimento das vanguardas artísticas e literárias da época — cubismo, dadaísmo e surrealismo. 

Foi também na Residencia que se tornou grande amigo de três camaradas e companheiros de boémia que tiveram nele (e em quem ele teve) uma influência fundamental: Pepín Bello, Federico García Lorca e Salvador Dalí. Nesses anos, Buñuel tornou-se um fanático da cultura física e do atletismo. Frequentava além disso, os cafés de Madrid e as suas tertúlias, bem assim como os seus bordéis. Em 1920, fundou o primeiro cineclube espanhol. Em 1921, participou na representação teatral de Don Juan Tenório, de Zorrilla, em Toledo. Em 1922, publica os primeiros textos literários, influenciados por Ramón Gomez de la Serna. Em 1924, depois de ter frequentado, sem grande convicção, vários cursos universitários, acabou por se licenciar em História.Em 1925, foi viver em Paris, onde estudou cinema e trabalhou como assistente de vários realizadores entre os quais Jean Epstein. 
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Conhece Jeanne Rucar Lefebvre (Lille, 29.02.1908 - México, 04.11.1994), sua futura mulher, com quem se casará em 1934. Em Janeiro de 1929, Buñuel e Dalí, utilizando o método surrealista do "cadáver esquisito" escrevem o guião do filme que acabaria por ter o título de Un chien andalou (Um cão andaluz). Apesar dos desmentidos, com a sua panóplia de private jokes e sub-entendidos, o filme era um subtil mas evidente ataque a García Lorca, de quem se haviam afastado, em parte porque Buñuel (machista assumido) tinha aversão à homossexualidade do poeta, tendo envidado todos os seus esforços para contrariar e sabotar a amizade amorosa que ligava aquele a um complacente Dalí. 

Há controvérsias quanto a esta última afirmação pois num futuro não muito distante Dalí acaba por ceder aos "encantos" da ditadura e segundo um dos filhos de Buñuel, Dalí abriu mão de suas amizades em nome de dinheiro e status. Buñuel roda-o em quinze dias durante a Primavera sendo estreado a 6 de Junho em Paris, perante a nata da sociedade e da intelectualidade francesa. O filme foi um sucesso e um escândalo e durante vários meses esteve em cartaz no Studio 28. Toda a imagética surrealista (burros podres dentro de pianos de cauda, mãos cortadas, metamorfoses visuais, etc.) criara sensação e espanto. Buñuel refere que a cena inicial da navalha a cortar um globo ocular provocava desmaios na plateia, tendo mesmo chegado a ocasionar um aborto numa espectadora. A dupla é prontamente admitida no grupo surrealista de André Breton, passando a frequentar as suas reuniões semanais e a cumprir escrupulosamente os seus ditames. 

 No Verão de 1929, Buñuel e Dalí estão em Cadaqués a preparar um novo filme, L'Âge d'Or, subsidiado pelo visconde de Noailles. Mas a sua colaboração e amizade são depressa ensombradas pelo aparecimento de Gala Éluard, por quem Dalí se deixa enfeitiçar e influenciar totalmente. Por outro lado, a antipatia entre Buñuel e a ciumenta e intriguista Gala é instantânea e mútua, chegando aquele ao ponto, de num acesso de cólera, a tentar estrangular. Buñuel regressa a Paris onde acaba o guião e roda o filme (sem dar crédito à colaboração de Dalí), fortemente anticlerical. Uma vez exibido, cria um enorme escândalo junto da extrema-direita francesa (a sala de cinema é atacada) e da burguesia parisiense (o visconde de Noailles foi ostracizado). Nessas obras emblemáticas estavam patentes de forma concentrada e intensíssima todos os temas básicos que a sua obra posterior continuaria a reflectir mais discretamente, mas com igual poder: o amor louco, o anticlericalismo, a rebeldia e inconformismo diante do estabelecido e do convencional, uma ânsia de transcendência, expressos em imagens oníricas e alucinantes, cheias de dureza, de corrosivo humor negro e de uma candura embriagante. 

 Em 1930 viajou a Hollywood, contratado pela Metro Goldwyn Mayer como «observador», com o objectivo de se familiarizar com o sistema de produção norte-americano. Conheceu Charles Chaplin e Serguei Eisenstein. Buñuel voltou a Espanha após a proclamação da República e financiado pelo seu amigo anarquista Ramon Acín, dirigiu, em 1933, um documentário, Las Hurdes, tierra sin pan, que descrevia, de modo cru, a vida quotidiana e os costumes ancestrais de uma recôndita aldeia espanhola da Estremadura, profundamente miserável e em estado quase selvagem. As imagens e os factos descritos eram tão extraordinários e irreais, que acabariam por dar ao filme um cunho verdadeiramente surrealista. Foi um escândalo, desagradando ao governo espanhol, que o proibiu, para grande desapontamento de Buñuel, por dar uma imagem corrompida da Espanha no estrangeiro.

Exílio na América 

No decurso da guerra civil espanhola exilou-se na França, partindo em 1938 para os Estados Unidos, estabelecendo-se em Los Angeles. Em 1941 vai trabalhar como conselheiro e chefe de montagem para o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque. Contudo, a publicação em 1942 d'A vida secreta de Salvador Dalí, onde Dalí fala do caso de L'Âge d'Or e expõe as simpatias comunistas de Buñuel, causa um pequeno escândalo e faz com que este tenha de se demitir do MoMA em 1943. 

Buñuel confronta Dalí e pede-lhe um empréstimo de 50 dólares que o outro, obediente a Gala, recusa por carta, em que simultaneamente faz o elogio de Franco e das virtudes da Igreja Católica. Buñuel jamais lhe perdoará a traição e a mesquinhez. Em 1946, depois de ter estado em Hollywood, acaba por partir para o México. 

Pesquisa - Magno Moreira e Sarah Alice Sales de Moraes

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