Aja, do Steely Dan
Você conseguiria imaginar uma banda Nova-iorquina começando a gravar em 1972, não se enquadrando em nenhum rótulo descrito por críticos, criando composições unindo estilos como Jazz, Bebop, Rock, Soul, Funk, Pop Music e Folk, com uma sofisticação de um Duke Ellington, tendo vendido mais de 30 milhões de discos ao longo da carreira com apenas 9 trabalhos de estúdio, um disco ao vivo e algumas coletâneas? Conseguiria imaginar integrantes com um comportamento obsessivo para obter o som perfeito captado dentro de um estúdio, levando-os a trabalhar com 41 músicos ao longo da carreira e com 11 engenheiros de som? Esses são apenas alguns dos muitos números impressionantes dessa fantástica banda de Nova York, fundada pelos geniais compositores Donald Fagen (1948) e Walter Becker (1950) que se basearam no livro “Beat Nuked Lunch” de Willian Burroughs para escolher o nome do grupo, sendo este, Steely Dan.
Um dos melhores discos da história do pop - fusion,gravado pela banda chamada Steely Dan - refiro me ao ótimo Aja,a década de 1970 veio como consequência da causa nascida nos anos 1960, e muitos grupos faziam o que podiam para estabelecer um diálogo com a ótima musicalidade do passado com as inovações que o então presente dos anos 70 exigia. O punk é quase uma antimúsica, não precisa ser especialista para identificar isso. E a ‘nova’ questão musical, como ficaria?
Os membros Donald Fagen (voz, teclados e sax) e Walter Becker (voz, guitarra e baixo), do Steely Dan, provariam que era possível sair daquele vício pop já estabelecido e produzir um disco roqueiro/jazzístico de qualidade indubitável. Tudo isso já fica bem claro numa primeira audição de Aja, o sexto álbum do grupo – que, naquele momento, estava mais para um projeto dos únicos membros permanentes do Steely Dan: Fagen e Becker.
As linhas melódicas são uma engenhosidade à parte – não é à toa que o disco recebeu um Grammy pela produção impecável de Gary Katz. Aja: obra-prima pop “Black Cow” abre o disco com uma linha funkeira mais contida no baixo, funcionando como peça introdutória de uma obra-prima da música pop. Aqui, tem todas as cartilhas necessárias para um disco de qualidade – trejeitos que até hoje encantam os ouvintes: perfeita união de voz e piano (Adele), backing vocals femininos e instrumentos de sopro (Prince), além de solos exuberantes e sofisticados que são mais pontuados pela beleza melódica que qualquer chama de virtuose.
Na época de divulgação de Aja, Donald Fagen disse que se baseou em obras ficcionais para compor, ao lado de Walter Becker, cada uma das sete faixas do disco.
A ideia era não ser nada pessoal. Por isso, dá pra perceber a serenidade quando os músicos cantam “tomar whisky a noite toda e morrer ao volante” na impagável “Deacon Blues”.
Eles falam de sentimento musical formando um personagem que seria uma espécie de arquétipo para ambos os compositores. Pode-se atribuir a beleza de Aja também por ser um álbum mais jazzístico que roqueiro. Tem muito a ver com a soul music também por conta do ritmo swingado. Mas dá para observar a influência do fusion jazz em “Peg” ou a linha modal – tomada pela síncope – em “Josie”. Todos os instrumentos surgem de forma brilhante, seja na hora de ditar o ritmo ou exibir os solos.
As características de Aja o inserem em um contexto único na década de 1970: as referências musicais são secundárias diante de toda a exuberância estética atingida pelo método de composição do Steely Dan. Aqui tem rock, soul, jazz, R&B e blues. Mas a prateleira adequada para esta pérola é a música pop. Uma prateleira no topo que nenhum outro álbum conseguiu atingir.
Na mira do groove, Muro do Classic Rock
Pesquisa - Magno Moreira
Pesquisa - Magno Moreira
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